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Mãos Entrelaçadas - Portinari |
A quem
estiver aí, do outro lado desta página
São
tantos os caminhos, tantas as convergências e divergências, tantos os encontros
e desencontros... Mas o bonito e infinitamente valioso é o respeito mútuo, a
aceitação da palavra do outro, a audição atenta para a voz de quem concorda ou
discorda – que, sei e sinto, sempre existiu por aqui, no ambiente de Em Busca
da Autoria.
Por
isso, agradeço a todos, pelo carinho e leitura no ano que passou.
Além
disso, trago e ofereço minha esperança, para este novo ano: a de que possamos
pensar, entender e expressar nossa sociedade, com o intuito de juntar o diverso
e o disperso, resgatar aspirações e construir realidades mais humanas.
Para
meu agradecimento busquei, em textos inspiradores, o alento e a coragem para
fincar os pés no chão e, ao mesmo tempo, fixar o olhar sonhador além das nuvens. Fica meu convite para que revisitemos, com o pensamento em nossas intenções de
2016, os poemas que registro a seguir.
Por
que sou forte
Narcisa Amália
Exatamente ali, no momento em que o ser humano mais sofre e se cobre de angústia (ah!, os nossos tempos...), o eu lírico aponta a força dinamizadora da paixão – pelo outro, pela vida, não importa).
Exatamente ali, no momento em que o ser humano mais sofre e se cobre de angústia (ah!, os nossos tempos...), o eu lírico aponta a força dinamizadora da paixão – pelo outro, pela vida, não importa).
Dirás que é falso. Não.
É certo. Desço
Ao fundo d’alma toda vez
que hesito...
Cada vez que uma lágrima
ou que um grito
Trai-me a angústia – ao
sentir que desfaleço...
E toda assombro, toda
amor, confesso,
O limiar desse país
bendito
Cruzo: -– aguardam-me as
festas do infinito!
O horror da vida,
deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales,
céus, alturas,
Que o olhar do mundo não
macula, a terna
Lua, flores, queridas
criaturas,
E soa em cada moita, em
cada gruta,
A sinfonia da paixão
eterna!...
– E eis-me de novo forte
para a luta.
Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/narcisa_amalia.html
Tecendo a manhã
João
Cabral de Melo Neto
A elaborada construção poética de João Cabral é um belo convite à ação coletiva. Concordam comigo?
A elaborada construção poética de João Cabral é um belo convite à ação coletiva. Concordam comigo?
Um galo sozinho não tece
uma manhã:
ele precisará sempre de
outros galos.
De um que apanhe esse
grito que ele
e o lance a outro: de um
outro galo
que apanhe o grito que
um galo antes
e o lance a outro; e de
outros galos
que com muitos outros
galos se cruzem
os fios de sol de seus
gritos de galo,
para que a manhã, desde
uma teia tênue,
se vá tecendo, entre
todos os galos.
Disponível em:
http://www.revistabula.com/449-os-10-melhores-poemas-de-joao-cabral-de-melo-neto/
Para repartir com todos
Thiago
de Mello
Encerro com a voz poética de Thiago de Mello. Nele, nota-se não
apenas o reforço do convite (agora convocação...) de João Cabral, mas a
reiteração da essência do poema de Narcisa Amália, ou seja, o poder dos
sentimentos para impulsionar ações.
Com
este canto te chamo,
porque
dependo de ti.
Quero
encontrar um diamante.
Sei
que ele existe e onde está.
Não
me acanho de pedir ajuda;
Sei
que sozinho nunca vou poder achar.
Mas
desde logo advirto:
É
para repartir com todos.
Traz
a ternura que escondes
machucada
no teu peito.
Eu
levo um resto de infância
que
meu coração guardou.
Vamos
precisar de fachos
para
as veredas da noite
Que
oculta e, às vezes, defende
o
diamante.
[...]
...o
diamante se constrói
Quando
o procuramos juntos
no
meio da nossa vida.
E
cresce, límpido cresce,
na
intenção de repartir
o
que chamamos de amor.
MELLO,
Thiago de. Mormaço na floresta. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
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